Brat Pack parte 2: o primeiro filme (será?) e o quarteto de S. E. Hinton

Toque de Recolher é um filme de 1981 que contava com um elenco de jovens feras promissoras. Eram eles: Timothy Hutton, Tom Cruise e Sean Penn. Pois é, realmente, não existe integrante do núcleo mais, digamos, representativo do Brat Pack aqui, mas o jornalista David Blum encara esse longa como "o primeiro filme dos Brat Pack".
(Há controvérsias, como veremos mais tarde nesse texto!)

Chegou agora e não entendeu nada? Então, antes de continuar, confira o post Brat Pack parte 1: Quem são eles para ficar por dentro!
Pronto? Leu tudinho? Então bora!

Em Toque de Recolher, da esquerda para a direita: Cruise, Hutton e Penn

Em Toque de Recolher, da esquerda para a direita: Cruise, Hutton e Penn

É interessante que Blum aponte Toque de Recolher como o primeiro filme do Brat Pack porque ele tem mesmo muito em comum com a maioria do que veio depois. Leva o amadurecimento do adolescente a sério - esse, aliás, é o tema central. O roteiro: uma escola militar de 141 anos está em vias de fechar e os cadetes, se vendo sem o seu comando adulto e maior referência, a fecha e a ocupa à força, exigindo que ela siga existindo. Valores como honra e dignidade, com o blablablá militar, são levantados. Não é o meu tipo de filme - odeio filme de guerra e qualquer coisa bélica em geral - mas sabe que me convenceu? Os atores fazem papéis complexos, profundos, com diálogos às vezes tocantes. Hutton, que ganhou um Oscar por um filme anterior (durante o início das gravações de Toque de Recolher), concorreu ao Globo de Ouro de Melhor Ator por esse desempenho.
Ou seja: não é o filme mais moderno do mundo. Tem um começo bem modorrento. Mas também não é uma bomba.

Moreland (Hutton), Shawn (Cruise) e Dwyer (Penn) em ação

Moreland (Hutton), Shawn (Cruise) e Dwyer (Penn) em ação

Curiosidades: na preparação, esses 3 atores foram para uma escola militar de verdade e ficaram 45 dias por lá, como estudantes. Quer dizer, mais ou menos: Cruise preferiu um hotelzinho mais confortável ali por perto…
Esse foi o primeiro longa com Sean Penn no elenco, e o segundo de Cruise!

Os músculos do garoto Tom Cruise em cena de Toque de Recolher

Os músculos do garoto Tom Cruise em cena de Toque de Recolher

Agora vamos voltar um pouco no tempo. Mais especificamente em 1967. Esse foi o ano de lançamento do livro The Outsiders, escrito por S. E. Hinton. Ela tinha 19 anos na época do lançamento, o que já é um fato espantoso, mas comenta-se que ela escreveu o texto quando tinha 15, inspirada no fato de um amigo ter apanhado no caminho do cinema para casa.

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Virou um clássico, adotado como um dos livros estudados em escolas americanas, best seller até hoje - meio na onda do O Apanhador no Campo de Centeio, sabe? O fato da escritora usar só suas iniciais aconteceu porque os editores ficaram com medo do pessoal descobrir que ela era uma garota de 19 anos e não acreditar que ela poderia escrever a obra.
Apesar desse ser o primeiro livro de S. E. Hinton, esse não foi o primeiro a virar filme. O escolhido foi Tex, de 1979, quarto livro dela. Estrelando: Matt Dillon, sob direção de Tim Hunter, que hoje trabalha bastante com TV. No elenco também estava Emilio Estevez, um dos símbolos do Brat Pack.

A própria S. E. Hinton com Matt Dillon caracterizado como Tex, o personagem principal do filme Tex: Um Retrato da Juventude (1982)

A própria S. E. Hinton com Matt Dillon caracterizado como Tex, o personagem principal do filme Tex: Um Retrato da Juventude (1982)

Hora de me desculpar: tentei de todas as maneiras assistir Tex: Um Retrato da Juventude, mesmo porque fiquei muito curioso com as coisas que li sobre ele. Não consegui: aparentemente você precisa morar nos EUA para conseguir assistir em streaming mesmo que queira pagar por isso, e não fui feliz ao tentar baixá-lo (não consegui, simplesmente). Também não tenho um nível de hacker bom o bastante para conseguir a Apple TV lá de fora - kkkkkk A boa notícia é que o filme é da Disney, então provavelmente deve estar no Disney+ quando o serviço chegar ao Brasil.

E o fato dele ser da Disney já é estranho, certo? Quem conhece o trabalho do estúdio naquela época já espera algo bem água com açúcar. Mas parece que não foi bem isso que aconteceu. Vamos contar a história desde o começo: Dillon está no elenco de Over the Edge (1979), longa que trazia roteiro de Hunter. O rapaz era fã dos livros de S. E. Hinton e pediu para que Hunter adaptasse algum deles para o cinema. Foi algo do tipo "homem certo com a oportunidade certa no timing certo": a Disney queria tentar algo diferente, e o vice-presidente da companhia na época, Tom Wilhite, estava disposto a dar espaço para jovens inexperientes. Porque Hunter não queria apenas escrever o roteiro - desejava dirigi-lo.

Quando Hinton recebeu uma ligação dizendo que a Disney estava interessada em adaptar um de seus livros para o cinema, ela desconfiou. Seu medo era justamente que o estúdio transformasse a história em algo bobinho. Wilhite precisou convencê-la ao vivo. Ela cedeu, mas quis que seu cavalo, Toyota, fosse o cavalo de Tex no filme!

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Emilio Estevez e Matt Dillon

E Toyota, o cavalo de Hinton, no set de Tex: Um Retrato da Juventude

Mas por que incluí Hinton aqui? Bem, ela viria a ser um símbolo do Brat Pack. Mais 3 livros seus foram adaptados para longas com integrantes do Brat Pack no elenco: Vidas Sem Rumo (1983), O Selvagem da Motocicleta (1983) e A Força da Inocência (1985). Os dois primeiros também contam com Dillon no elenco - ele se transformou numa referência do cinema para Hinton. E Hinton ficaria para sempre conectada com o começo da história do Brat Pack, por mais que suas histórias divergissem bastante do que o filme clássico de Brat Pack virou, e por mais que John Hughes, o diretor Brat Pack por excelência, nunca tenha adaptado uma de suas histórias para a telona. Hinton sempre localiza suas tramas no subúrbio de Tulsa, Oklahoma; elas envolvem jovem marginalizados, geralmente delinquentes. Possui esse olhar mais humano sobre o mundo teen, mas ao mesmo tempo não se trata de uma classe média em contexto mais urbano - que é o que Hughes faz.

Esse episódio do podcast Song by Song que eu incluo abaixo sobre Vidas Sem Rumo é bem esclarecedor - ou não. Primeiro: o Song by Song é sobre Tom Waits, olha que esquisito, que não tem nada a ver com o Brat Pack. Risos. É por causa de uma ponta que Waits faz em Vidas Sem Rumo que o epê foi feito: ele é Buck, o cara que fica na porta de um bar, tipo jagunço. Aparece por menos de cinco minutos!
Mas não é isso que eu acho esclarecedor desse podcast: o convidado Kevin Smokler fala que os filmes do Brat Pack são importantes porque pela primeira vez o adolescente é visto no cinema sob a ótica do próprio adolescente, e que por isso Vidas Sem Rumo, que muita gente encara como o primeiro filme Brat Pack por causa do elenco (no lugar de Toque de Recolher!), no fundo não seria um filme Brat Pack.

Só que essa lógica é meio esquisita, por causa do fator S. E. Hinton. Ela escreveu o livro justamente quando era adolescente. Quer mais ótica teen que isso?
Entendo o que ele quer dizer: Vidas Sem Rumo tem um tom épico que Coppola inclui, uma cinematografia bela mas pesada, adulta, especialmente na cena clássica do por-do-sol com poema de Ponyboy (C. Thomas Howell) e Johnny (Ralph Macchio) e na cena final, com a imagem de Johnny falando o texto da carta que Ponyboy lê. Lembra filme dos anos 1940, sabe? Uma coisa grandiosa. O livro que Ponyboy gosta e vira uma de suas conexões com Johnny é … E o Vento Levou, para você ter ideia da coisa!
Agora, eu acho que Vidas Sem Rumo é um filme de Brat Pack sim, diferente em vários aspectos, mas que possui muitos pontos que o aproximam do resto dessa filmografia que varia de pessoa para pessoa. Tem Emilio Estevez e Rob Lowe, por exemplo. Fala da realidade adolescente - quase não aparecem personagens adultos. É sobre as dificuldades desse trânsito entre a fase infantil e adulta. O núcleo familiar principal, formado por Ponyboy, Sodapop (Lowe) e Darrel (Patrick Swayze), é justamente um trio de irmãos órfãos, com Darrel assumindo as responsabilidades de pai por ser o irmão mais velho.

Darrel, Ponyboy e Sodapop: família

Darrel, Ponyboy e Sodapop: família

Outra coisa que achei interessante desse episódio de podcast é que Smokler, agora sem nem falar exatamente de Brat Pack, conecta Vidas Sem Rumo a uma tendência interessante dos anos 1980: filmes centrados em adolescentes e nostálgicos sobre as décadas de 1950 e 1960. É real: depois viriam De Volta Para o Futuro (1985), Peggy Sue: Seu Passado a Sua Espera (1986) e tantos outros.

Mas vamos falar de Vidas Sem Rumo em si? A começar pelo elenco, que acho impressionante pela quantidade de futuras estrelas por metro quadrado:

Da esq. para a dir.: Two-Bit (Emilio Estevez), Sodapop (Rob Lowe), Ponyboy (C. Thomas Howell), Dallas (Matt Dillon), Johnny (Ralph Macchio), Darrel (Patrick Swayze) e Steve (Tom Cruise). Tá bom para você?

Da esq. para a dir.: Two-Bit (Emilio Estevez), Sodapop (Rob Lowe), Ponyboy (C. Thomas Howell), Dallas (Matt Dillon), Johnny (Ralph Macchio), Darrel (Patrick Swayze) e Steve (Tom Cruise). Tá bom para você?

A procura por um "novo James Dean", do jeitinho que a mídia gosta, seguia desde a morte dele em 1955. É muito notável que sejam as décadas de 1950 e 1960 que morem na memória afetiva de filmes produzidos na década de 1980: época de Dean, de Amor, Sublime Amor (a adaptação do musical para a telona é de 1961). Vidas Sem Rumo, aliás, conversa com Amor, Sublime Amor na sua temática de guerra entre gangues juvenis e flerta com a história principal ao aproximar Ponyboy e Johnny de Cherry (Diane Lane), que é da turma dos ricos Socs. Se lá a história era embebida do preconceito contra os latinos, aqui desponta a luta de classes: Greasers são pobres, Socs são playboys.
Outro filme que pode ser apontado como primo desses é Os Selvagens da Noite (1979), o clássico The Warriors, que não entra na lista do Brat Pack por ter um elenco bem diferente da turma e, na minha opinião, um roteiro meio infantil apesar do tema sério da morte de um dos integrantes das gangues retratadas.
E não me leve a mal: adoro The Warriors!

Cena do clássico Os Selvagens da Noite de Walter Hill, o mesmo diretor de Ruas de Fogo (1984) e que quase dirigiu Alien, o Oitavo Passageiro (1979) - que como todo mundo já sabe foi parar nas mãos de Ridley Scott e virou um classicão

Cena do clássico Os Selvagens da Noite de Walter Hill, o mesmo diretor de Ruas de Fogo (1984) e que quase dirigiu Alien, o Oitavo Passageiro (1979) - que como todo mundo já sabe foi parar nas mãos de Ridley Scott e virou um classicão

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A Capricho da época?

Os astros de Vidas Sem Rumo à paisana

Vidas Sem Rumo é uma história de redenção? Quer mostrar que o delinquente juvenil é apenas produto do meio? Que no fundo ele é uma boa pessoa? Bom, tem algo nesse tom grandiloquente que não ajuda, se é essa a tese que Coppola queria aplicar. Pelo contrário: artificializa.

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E daí a gente parte para O Selvagem da Motocicleta, a segunda adaptação de Hinton com direção de Coppola, também sobre gangues, também com um elenco estelar: Dillon faz o personagem principal, Rusty James, ao lado de Nicolas Cage, Mickey Rourke, Laurence Fishburne, Diane Lane e, adivinha, mais uma participação especial de Tom Waits!

Smokey (Nicolas Cage), Steve (Vincent Spano), Rusty (Matt Dillon) e B. J. Jackson (Chris Penn, o irmão de Sean Penn)

Smokey (Nicolas Cage), Steve (Vincent Spano), Rusty (Matt Dillon) e B. J. Jackson (Chris Penn, o irmão de Sean Penn)

Parece uma imitação low-budget de Marlon Brando em O Selvagem (1953)? Bom, talvez seja proposital: Dillon, na época, era a promessa de próximo Brando! E O Selvagem da Motocicleta é o momento em que ele mais imita a interpretação de Brando.
O destaque do filme na verdade não é ele. É Coppola, cheio de metáforas em forma de imagem e planos longos com bastante ação, exercitando-se e obtendo um resultado bem mais interessante que em Vidas Sem Rumo ao meu ver; e são as interpretações de Mickey Rourke, que faz o irmão mais velho de Rusty (a lenda Motorcycle Boy) e de Dennis Hopper como o pai dos dois.

Dos 4 filmes com tramas de Hinton, O Selvagem da Motocicleta é o que menos se aproxima do universo Brat Pack. Mais cult e muito autoral, menos adolescente, extremamente estiloso, visualmente moderno até para os padrões atuais. Portanto recomendo que assistam, mas não incluam em um pacote Brat Pack! Risos!

Dillon & Rourke: nessa, o primeiro saiu perdendo no quesito potencial dramático…

Dillon & Rourke: nessa, o primeiro saiu perdendo no quesito potencial dramático…

E finalmente chegamos no último longa baseado em um livro de S. E. Hinton. A Força da Inocência foi a iniciação de Estevez em outra área: o roteiro é o primeiro assinado por ele. Craig Sheffer faz o rapaz mais velho, Bryon, e Estevez interpreta o mais novo e mais problemático Mark. Hinton não foi envolvida nessa adaptação, e com isso eles também mudaram o fim e a ambientação (os livros se passam todos em Tulsa, Oklahoma; o filme A Força da Inocência acontece em Minnesota).

Bryon (Sheffer) e Mark (Estevez) em A Força da Inocência

Bryon (Sheffer) e Mark (Estevez) em A Força da Inocência

A crítica de Vincent Canby para o New York Times na época do lançamento de A Força da Inocência chama o filme de "a adaptação menos interessante de um livro de S. E. Hinton para o cinema". Acho a afirmação um tanto pesada mas não deixa de ser verdadeira! Isso também não quer dizer que o filme seja péssimo - ele é bacaninha sim.

Para terminar: lembra que eu falei no post anterior que o Brat Pack variava, que cada um fazia um grupo na sua cabeça e não existia exatamente uma regra única para incluir alguém? Olha essa imagem…

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Pois é!

Curiosamente, atores como Matt Dillon não colaram como integrantes do Brat Pack para sempre. Dillon tinha a mesma faixa de idade (Estevez é inclusive mais velho), mas começou a se afastar dessa temática após O Selvagem da Motocicleta. Em 1989, faria o papel principal em Drugstore Cowboy, que é bem centrado no vício em drogas.

E chega de falar de boys - esse post transbordou testosterona, eu hein! O próximo é especial, com a maior musa do Brat Pack… Aguarde!

Casos de família: dois filmes MUITO bons

Assisti nessa semana dois filmes que eu achei ÓTIMOS e estou juntando num post só. É porque ambos são asiáticos? Podia ser, mas não. Eles têm muito mais em comum: são sobre família e sobre, voilá… luta de classes! Vamos a eles: Assunto de Família (2018) e Parasita (2019), os ganhadores das Palmas de Ouro em Cannes do ano passado e desse ano, respectivamente.

Qual é o conceito de família?

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Parece uma família feliz na foto, certo? E é mesmo. Assunto de Família, aliás, tem um título melhor em japonês e em inglês: Manbiki Kazoku (família de ladrões) e Shoplifters. São pessoas marginalizadas no Japão (quem diria!) e eu não queria dar spoilers, então vou só dar perguntas:
. Essa não é spoiler porque acontece bem no começo do filme: se você acha uma criança com sinais de maus-tratos, você devolve ou fica com ela?
. Nessa mesma pegada: o conceito de família precisa ser atrelado a laços sanguíneos?
. Família, mesmo que seja relacionada a laços sanguíneos, não é uma convenção social? Será que estamos atrelados e organizados socialmente assim, nesse tipo de núcleos, porque faz sentido… economicamente? Ou faz sentido econômica e emocionalmente?
. Numa economia cada vez mais fdp para quem não é milionário, será que o sentido de família está mudando por motivos econômicos?
. É mais interessante para uma sociedade capitalista que a gente tenha laços desse tipo ou que sejamos sozinhos, moremos sozinhos, vivamos sozinhos?
. O que é moralmente aceitável quando a sociedade capitalista falha com uma (grande) parcela da sociedade? É aceitável roubar? Se sim ou se não: até que ponto? É aceitável roubar de uma lojinha de um pequeno empreendedor, de uma franquia de uma grande cadeia de lojas, ou dos dois, ou de nenhum? Qual é o parâmetro?
. É aceitável a prostituição? Ou apenas a exibição do corpo sem contato físico? Ou a exibição do seu corpo com contato físico mas sem penetração? Se a exibição é aceitável mas a prostituição não, por quê? Se a exibição não é aceitável - por que biscoitar nas redes sociais ou mandar nudes é normal e ganhar dinheiro com isso não seria?
. A convivência gera o laço amoroso?

O filme é triste. Ele não cai no melodrama, e por isso dá uma sensação mais amarga ainda. Acho que principalmente porque a gente não se coloca no lugar de algum membro da família - talvez das crianças, mas é rápido. Na verdade a gente se coloca no lugar de espectador daquilo. E é assim que a gente age na vida real: assiste. Como mero espectador.

Em cena, os atores Sakura Andô, Miyu Sasaki e Lily Franky (sim, o nome dele é Lily Franky)

Em cena, os atores Sakura Andô, Miyu Sasaki e Lily Franky (sim, o nome dele é Lily Franky)

O diretor Hirozaku Koreeda também é o nome por trás de Boneca Inflável (2009), o filme absurdinho no qual uma boneca inflável cria vida e alma. Nunca assisti, mas agora fiquei com mais vontade! Assunto de Família está disponível na Netflix.

O meu quinhão primeiro

Ki-jung (So-dam Park), Ki-woo (Woo-sik Choi) e Chung-sook (Hye-jin Jang): a família Kim é um babado

Ki-jung (So-dam Park), Ki-woo (Woo-sik Choi) e Chung-sook (Hye-jin Jang): a família Kim é um babado

Eles vivem em um semiporão em condições péssimas e se viram nos 30 para sobreviver, por exemplo dobrando embalagens de pizza. E como o próprio nome do filme sugere, enxergam uma oportunidade de funcionarem como parasitas. Eles são malandríssimos e agarram essa chance.
O nome é chocante mesmo: o que é enxergado como parasita da sociedade tem uma conotação ruim e precisa ser eliminado. Só que o parasita, nesse caso, é o ser-humano, que por estar à margem é considerado descartável, mão de obra barata, um incômodo necessário.
Mas o longa não tem mais de duas horas à toa: Parasita surpreende porque é um roteiro intrincado, bem feito, que vai se desenrolando e te surpreendendo. Em termos culturais, pelo fato de ser sul-coreano, ele é quase ocidental. Dá para entender porque ele ganhou Cannes: bem universal, apesar de ter uma trama muito particular e original.
E eu adorei a atriz So-dam Park, principalmente. A filha é apenas maravilhosa.

O diretor Joon-ho Bong já fez o hit vegan Okja (2017), o hollywoodiano Expresso do Amanhã (2013) e O Hospedeiro (2006), que nunca vi mas já me disseram que é bom (tem na Netflix).

“Qual é a senha do wi-fiiiii?"

“Qual é a senha do wi-fiiiii?"