Bom, spoilers ahead. Nada muito revelador (é só o primeiro capítulo da série, afinal), mas vai que. Coisinhas que aparecem no primeiro episódio, que tem a ver com o universo do Watchmen e que podem ter passado batido:
A chuva de pequenas lulas, por exemplo, se refere ao ataque da lula gigante na história original. Ela foi liberada em uma fenda interdimensional, matou 3 milhões de pessoas e por fim foi derrotada. Mas ao que tudo indica essa fenda não foi fechada. #lulalivre!
Outra coisa: o uso de pagers. O responsável pela série Damon Lindelof (de Lost e The Leftovers, adoro ambas), imaginou um mundo mais paranóico com o uso de tecnologia após a aparição da lula. Entre os motivos que fariam essa fenda interdimensional surgir, as pessoas poderiam apontar qualquer coisa. Então os experimentos com tecnologia wifi e celulares foram interrompidos pelos governos. É uma década de 2010… sem celular! Imagina?
O ator Robert Redford (sim) é o atual presidente dos EUA nesse mundo paralelo. E por quase 30 anos. Pois é, é uma realidade bem alternativa, mesmo… Será que ele mandaria melhor que o Trump?
Mas o principal é que, para a combustão dessa história nova, foi incluído um elemento central na história da América do Norte hoje e sempre: o racismo. Se isso passava longe da história original (todos os personagens principais eram brancos, fora Dr. Manhattan, que era - ou é - azul), agora vira o assunto principal. O episódio de estreia começa com a histórica rebelião racial de Tulsa de 1921 (que realmente aconteceu) com brancos atacando a comunidade negra. Pula para 2019, com a ameaça do despertar de um grupo de supremacistas brancos que usam a máscara do personagem Rorschach e se autodenomina a Sétima Cavalaria. Esse grupo foi reprimido mas voltou, e por algum motivo misterioso está recolhendo baterias de relógio com lítio sintético, que agora está proibido na trama.
Sister Night, a nova personagem interpretada por Regina King, é um misto de policial e vigilante - não é oficial, mas trabalha com a polícia. A história deve centrar nela.
E tem o Jeremy Irons, um ricaço que aparece na sua grande propriedade mas por enquanto ninguém sabe quem ele é. Ozymandias, será?
Ou seja: para falar a verdade, acho melhor você assistir ao filme, sim.
Prestei atenção em algumas coisas, também:
. As máscaras. Os policiais as usam depois da fictícia White Night, quando os supremacistas mataram vários deles, para proteger suas identidades. Quando Sister Night está em ação, ela também a usa, assim como Looking Glass (Tim Blake Nelson). O xerife Judd (Don Johnson, o pai da Dakota) parece ser o único que dispensa o acessório. É interessante pensar em um mundo cheio de mascarados em contraposição com o reconhecimento facial discutido enquanto invasão de privacidade no nosso mundo.
. A prática continua em baixa no mundo fictício dos super-heróis, pelo menos no que diz respeito ao figurino. Ninguém aprendeu com Edna Moda? Panos soltos e capuzes dão movimento e estilo para os personagens, mas na vida real seriam pouco práticos se você quer bater em alguém até a pessoa soltar a informação que você precisa…
. O tema dos vigilantes é extremamente atual para o cenário social que temos hoje. Inclusive para a realidade brasileira.