Completamente arrependidah de não ter ido na Casa de Criadores nesse 3º dia

Meu Deus. Como pude faltar. Fernando Cozendey fez uma coleção em minha homenagem e não me avisou (#ALOKA).

Sério, olha isso:

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A maravilhosa Sailor Moon <3 <3 <3

Sim, a gente quer para PENDURAR NA SALA

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Todos sabemos

que provavelmente vou querer essa blusa

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OU ESSA

O Bulbassauro arrasa <3

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Justiça para Shun de Andrômeda

A bi mais linda de todos os animes produzidos no universo

Resumindo, Cozendey buscou no Japão as suas referências para a nova coleção. Essa pode ser considerada uma volta ao figurativo pop em lycra (é tudo recorte de tecido!), mas também tinham outras coisas bacanas: referência a origami, à caligrafia, ao butô, carpa, sakura, videogame e mais um monte de outras coisas que obviamente eu saberia dizer se tivesse tido vergonha na cara e ido conversar com ele no backstage. No rosto, as máscaras remetem às que os japoneses usam em época de alergia, ou quando não querem ficar doentes, ou quando estão doentes e não querem passar doença para os outros.

A senhora Jo Malone existe - e ela vai criar perfume para a Zara!

Só eu que não sabia ou vocês também nunca tinham imaginado que por trás da perfumaria fina made in London existe uma mulher chamada… Jo Malone?

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Jo nasceu em 1963 e começou a empresa Jo Malone com sua mãe Eileen em 1983. Em 1999, ela vendeu a empresa para a Estée Lauder, seguiu como diretora criativa até 2006 mas não demorou muito para continuar no ramo: em 2011, ela começava a Jo Loves. Quem nunca entrou em uma Jo Malone… faz bem: é uma delícia, é irresistível, e não é exatamente barato. Da Jo Loves eu nunca experimentei nada, mas tenho vontade de sentir o cheiro de Pomelo, que é o best seller deles.
(A Jo Loves, assim como a Jo Malone, também vende velas aromáticas. E ela tem um produto que eu acho incrível, um perfume em gel que já vem em formato de pincel para você aplicar)

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A novidade agora é uma linha de perfume permanente da Zara. Com um nome enorme (The Zara Emotions Collection by Jo Loves, created by Jo Malone CBE) e oito fragrâncias logo de cara, todas unissex, a linha vai chegar primeiro na Europa, nesse mês, e no começo de 2020 se espalha pela Ásia e EUA.

Se for tão bom quanto o Basil & Neroli da Jo Malone, um dos meus perfumes preferidos da vida, eu digo SIM. Mas ainda não se sabe se chega ao Brasil. Tudo bem (eu digo enquanto abro uma nova poupança chamada ˜dinheiro da Jo˜).

Qual é o seu perfume preferido atualmente? No momento tô cheio de amores por um da L’Occitane em parceria com Pierre Hermé que comprei em 500 vezes sem juros. <3 Me conta o seu, me manda um e-mail pelo Fale Comigo!

A linha da Zara com a Jo: chiquérrima, né?!

A linha da Zara com a Jo: chiquérrima, né?!

Brat Pack parte 6: Antes de Kim Kardashian e Paris Hilton, existiu Rob Lowe

Um rosto é um rosto.

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O de Rob Lowe, especificamente, é encantador. É a personificação da expressão "He makes love to the camera". A câmera o adora, e a gente também. O padrãozinho, o Ken personificado. Se tivesse um direcionamento de carreira mais interessante e não tivesse um crime lá pelo meio do caminho, provavelmente ele teria ultrapassado o status de galã do Brat Pack e seria um astro tão grande quanto Tom Cruise e Brad Pitt.

Mas espera: você está aqui sem ter lido os posts anteriores dessa série sobre o Brat Pack? Então, antes de mais nada, leia-os! Seguem os links:

. O que é e quem faz parte do Brat Pack?
. Qual é o primeiro filme do Brat Pack?
. A trindade do Brat Pack: Molly Ringwald + John Hughes + Anthony Michael Hall
. A obra prima do Brat Pack: Clube dos Cinco (1985)
. O outro diretor do Brat Pack: Joel Schumacher

Pronto? Então agora podemos continuar essa seção colírios da Capricho.

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Depois de participar de O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985), Lowe primeiro apareceu em Veia de Campeão (1986), filme no qual ele faz um garoto mais jovem que promete ser sucesso no hockey no gelo (também estão no elenco Patrick Swayze e um jovenzinho Keanu Reeves). E aí veio Sobre Ontem à Noite… (1986) com a colega Demi Moore. Há dúvidas a respeito da inclusão desse longa no cânone do Brat Pack, pois é um filme mais adulto, com muito mais sexo e é baseado numa peça de David Mamet de 1974 chamada Sexual Perversity in Chicago.

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O elenco de Sobre Ontem à Noite… reunido

Elizabeth Perkins e Jim Belushi em cima, Demi Moore e Rob Lowe embaixo

As pessoas não costumam dar muita trela para esse filme, mas sinceramente acho melhor que O Primeiro Ano. Mais realista, no mínimo. E acharia estranho se alguém dissesse que, em termos gerais, O Primeiro Ano é sem dúvidas melhor - inclusive duvidaria do caráter dessa pessoa! Sobre Ontem é meio Comédias da Vida Privada com jovens adultos, meio drama com um leve verniz mais sofisticado. Originalmente, teria a dupla inseparável Dan Aykroyd e John Belushi no lugar de Rob e Jim Belushi - mas dizem que Jim, que já tinha feito o papel no teatro, não queria comparações com o irmão mais velho. John acabou morrendo em 1982 de overdose de cocaína e heroína.

Esse foi o primeiro filme de Perkins, que já havia feito coisas no teatro, e também o primeiro trabalho de direção em cinema de Edward Zwick (que depois fez Lendas da Paixão e Diamante de Sangue, entre outros). Para o papel de Debbie, disputaram Melissa Leo, Phoebe Cates (de Picardias Estudantis) e Mariel Hemingway, até o papel finalmente chegar na Brat Packer Moore. Há quem diga que esse filme foi importante para a escalada dela em direção ao superestrelato em papéis adultos. Concordo, apesar do desempenho dela na cena do choro deixar um pouco a desejar, para dizer o mínimo… É aqui que a voz rouca e o rosto anguloso e sexy de Demi são mais explorados que nunca. É como a vizinha que à primeira vista não é um gigantesco sex symbol - mas você já enxerga todo o potencial. A clássica capa da atriz nua e grávida na Vanity Fair sairia em 1991.

O truque do fone kkkkkkk

O truque do fone kkkkkkk

Jim e Rob no longa

Jim e Rob no longa

Antes das filmagens, o quarteto do elenco passou por duas semanas de ensaios intensos, num processo de peça de teatro, mesmo. Dá para perceber pelo ritmo dos diálogos que existiu um aquecimento, um entrosamento.

Interessante a peça que foi ponto de partida do longa se chamar Sexual Perversity pois um pouco depois, durante a Convenção Democrata Nacional de Atlanta em 1988 que Lowe compareceu com Ally Sheedy e Judd Nelson, ele acabou fazendo… uma sex tape. Com duas garotas. E uma delas era menor de idade. E as duas fugiram quando ele estava no banheiro do quarto do hotel com dinheiro… e com a fita.

Em 1989, a fita já circulava à toda. E a mãe da garota menor de idade processou o ator, que alegava que não tinha como saber que ela era menor - afinal, a conheceu numa boate, e em teoria todos que entram em uma boate são maiores de idade.
Ainda não existia o termo, mas cancelaram o ator sem dó. Amigos sumiram, contratos evaporaram, e paparazzi rondavam em busca de cliques.
Rehab para seu alcoolismo e vício em sexo se seguiriam. Sobre o processo, ele acabou não sendo acusado de crime, fazendo um acordo que envolveu dinheiro e 20 horas de serviço comunitário.

Outros tempos, não tão longínquos. O que foi a ruína para Lowe depois seria o passaporte da fama de gente como Paris Hilton e Kim Kardashian. O fato de uma das meninas ser menor de idade foi um agravante, claro. E ele já era muito, muito famoso. Não era o caso delas…

Depois de uma participação em Quanto Mais Idiota Melhor (1992), só com a série de TV West Wing: Nos Bastidores do Poder (1999-2006) que Rob voltaria a ganhar algum destaque maior como ator. Ou seja, foi praticamente uma década na geladeira. Ele teria sido grande como George Clooney se isso não tivesse acontecido? Nunca saberemos. Não confio muito no talento dramático dele, mas não estou sendo preconceituoso? É provável. Segundo o próprio, em entrevista para Oprah Winfrey em 2011, isso foi a melhor coisa que aconteceu para ele porque levou-o a uma aceleração no vício do álcool e consequente sobriedade em seguida.

Em 2014, Lowe conseguiria já brincar com o fato fazendo parte do elenco do filme Sex Tape: Perdido na Nuvem. Eita.

Na TV que Lowe encontrou mais espaço. Californication, Parks & Recreation e Code Black são algumas das séries das quais ele participou. Outro papel dele que eu acho o máximo é o de dr. Jack Startz em Minha Vida com Liberace (2013) - o cirurgião plástico que, digamos, exagerou um pouco na dose, ele mesmo, em seu lindo rostinho.

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Dr. Jack Startz

Ah, a doce busca pela eterna juventude…

Mas a gente pode ficar despreocupado - isso tudo foi maquiagem para o longa. Lowe continua belo.

Pelo menos eu acho. Você acha?

Pelo menos eu acho. Você acha?

Aliás, assista ao filme sobre o Liberace se você ainda não assistiu. Michael Douglas faz o personagem principal e é bem legal.

Sobre Ontem à Noite ganhou um remake com um elenco negro: Kevin Hart no papel de Bernie, Michael Ealy como Danny, Regina Hall como Joan e Joy Bryant como Debbie. Não vi, mas assisti o trailer e… hum… tô de boa.

O próximo post é aquele que você está esperando para CURTIR, sim.

Sabe?

Ah, você sabe… Aguarde!

3ª temporada de The Crown: quando a nossa geriatrofobia aparece

Infelizmente a gente não acha a 3ª temporada do The Crown tão boa quanto as anteriores, apesar dela ser boa de qualquer forma. É inevitável a comparação, afinal, é a mesma série. Mas você sente que tem algo que não está mais ali.
(Sim, eu digo “a gente” te incluindo. Não é do meu feitio usar “a gente” para falar só de mim. kkkkk)

Olivia Colman, a nova Rainha Elizabeth 2ª

Olivia Colman, a nova Rainha Elizabeth 2ª

“Ah, eu preferia a Claire", penso, me referindo à atriz Claire Foy. Mas espera: quem a substituiu foi Olivia Colman, fucking Oscar winner, uma atriz que arrasa. E ela arrasa em The Crown sim. O mesmo vale para o papel de Princesa Margaret, que é a minha personagem preferida, agora com Helena Bonham Carter.

E a gente no fundo sabe o motivo. É porque elas são mais velhas. Os dramas são mais velhos. Muito do subtexto passa por esse amadurecimento. Logo de cara, a rainha precisa encarar os fatos: seu rosto mais jovem está sendo substituído pelo de meia idade nos selos. Um perfil mais velho. É isso que a gente não gosta de encarar: todos envelhecemos, é inevitável, a menos que a gente morra antes disso.

Parece que até a própria produção percebeu isso: o Buzzfeed News diz que Claire deve voltar ao papel na quarta temporada em um breve flashback com o discurso que a rainha deu quando ainda não era rainha, aos 21 anos. Uma maneira de atrair quem ficou fã do retrato que ela fez da mulher mais famosa do mundo.

Olha aí a Claire retomando o papel

Olha aí a Claire retomando o papel

Isso tudo posto, é ainda mais surreal que um dos melhores papéis da 3ª temporada seja de uma mulher mais velha que todas as supracitadas. Princesa Alice de Battenberg é o destaque do episódio 4 e é a mãe do Duque de Edimburgo, Príncipe Philip, portanto sogra da Rainha Elizabeth.

A princesa na vida real, ao lado do filho - sim, ela virou freira e viveu na Grécia antes de morar no palácio de Buckingham

A princesa na vida real, ao lado do filho - sim, ela virou freira e viveu na Grécia antes de morar no palácio de Buckingham

Interpretada por Jane Lapotaire, ela vira uma espécie de Princesa Margaret dessa temporada: aquela personagem que você quer que apareça porque é sempre um show de interpretação e uma metralhadora de frases ótimas. O auge é o episódio 5, com ela conversando com o irmão Lorde Mountbatten (Charles Dance). Um show.

A Princesa Alice de Battenberg na série

A Princesa Alice de Battenberg na série

Em entrevista para o Daily Express, o biógrafo da família real britânica Hugo Vickers defende que, na vida real, a princesa não era nada disso. Ela era quase que totalmente surda, talvez por isso meio distante e até austera. A relação dela com o Príncipe Philip também era diferente, segundo ele - as tentativas de trazê-la para Londres da parte do filho foram inúmeras, e na verdade a princesa só teria aceitado depois que sua outra filha, Sophie, lhe garantiu que o convite era da parte da Rainha Elizabeth 2ª.

Ah, e na verdade não houve entrevista da sogra da rainha para o The Guardian como o episódio 4 mostra, mas a Princesa Anne realmente tinha uma boa relação com a avó.

Aliás, e a Princesa Anne roubando a cena? A gente AMAAAAA!

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Princesa Anne da vida real

Sim, meu bem, e você achando que Lady Di era o único ícone fashion da turminha…

Sou fissurado pela Princesa Anne, talvez até mais do que pela Princesa Margaret. Estou ansiosíssimo por mais aparições dela nas próximas temporadas!

Resumidamente, em uma temporada que Princesa Alice e Lorde Mountbatten roubam a cena de um lado e Princesa Anne, Príncipe Charles e Camilla Shand (futura Parker-Bowles) roubam a cena de outro, a meia idade fica apagada. A série não é sobre quem está com a coroa na cabeça, for God's sake? Aqui, em muitos momentos, Rainha Elizabeth 2ª aparece quase como coadjuvante da sua própria história.

Então talvez o problema não seja a nossa geriatrofobia, e sim o roteiro.

A terceira temporada de The Crown já está no ar na Netflix.

Casa de Criadores: os veteranos e a estreia

Fui no primeiro dia da Casa de Criadores edição 46 e gostei bastante de algumas coisas que eu vi. Vamos a elas?

London calling: Weider Silveiro

Todas as fotos desse post são de Marcelo Soubhia/Fotosite

Todas as fotos desse post são de Marcelo Soubhia/Fotosite

O Weider disputa com o meu marido o posto de pessoa que mais gosta de ir para Londres. A sua nova coleção traz a cidade. Mas de qual Londres a gente está falando? Ele vai brincando: em 20 minutos de backstage citou Camden Town (o bairro boêmio onde vivia Amy Winehouse e onde fica a megaloja da marca-ícone dos ravers Cyberdog), Mayfair (que é o bairro do luxo, onde estão as estadias mais caras de hotel do mundo todo) e Shoreditch (uma das mecas hipsters, tipo um condado de Pinheiros de lá).

Mas então, que Londres é essa, afinal? Parece-me que Weider, não só agora mas sempre, está na constante busca da imagem contemporânea mais fresca, mais deliciosa, mais "quero vestir agora". É por isso que a gente ama Londres: ela significa essa mistura cosmopolita, esse pico de contemporaneidade. Passa Berlim, passa Tóquio, passa NY, mas Londres é sempre uma antena, um hub, uma ideia, nunca deixa esse posto porque, tal qual um marca de luxo, a capital conjuga valores do tipo originalidade, excelência e tradição.

Depois que fomos atravessados por Rei Kawakubo e Miuccia Prada, entendemos que o bonito nem sempre é o mais interessante. É essa a tônica desse frescor contemporâneo, que na passarela internacional de hoje é liderada por Demna Gvasalia na Balenciaga. A imagem urbana de Weider usa estampas mas é quase limpa; se sedimenta nos volumes pequenos (em ombros e golas) ou enormes (na alfaiataria; as calças foram garimpadas em brechós por Marcelona e ganham um upcycling de ajustes na cintura e barras apertadas evidenciando ainda mais o máxi).

Além dessa participação chique de Marcelona, fecham o desfile outras amigas de Weider. São elas: a jornalista e dona da Giu Couture Giuliana Mesquita, the wonderful Johnny Luxo e a estonteante Renata Bastos (que você talvez viu no papel de Roberta Close na cinebiografia da Hebe). Amo essa turma <3

Falando em turma…

Elloanigena Onassis pour Rober Dognani

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Depois da emocionante Nossa Senhora Aparecida do desfile anterior, Dognani vai para os… club kids. A alma clubber esmorece (infelizmente é só abrir o jornal) mas não morre. E dizem as boas línguas que fervo também é luta, então que tal cair na pista, na montação, como se 2000 fosse hoje? O cenário é a porta da A Lôca, sim, a nossa A Lôca, não aquela tentativa de ressurreição; o nosso inferninho eterno onde a gente viu coisas absurdas. E o começo, com os palhaços Bozo voguing ao som de canto lírico, não deixa dúvidas: já vi esse make antes, já vi esse fervo antes… Elloanigena Onassis é a grande homenageada do desfile.

Rober comentou com ela, faz um tempo, que queria fazer uma coleção baseada nela. A bi ferveu, adorou e quis - aí teve a coleção do Rober sobre o Gallery, a sobre os estilistas brasileiros, a da Nossa Senhora, e ela lá sempre perguntando: "Cadê meu desfile???” Agora rolou: o estilista foi na casa dela, viu álbuns de fotos que ela guarda, acervo de roupas. Buscar Elloanigena (e, por consequência, a amiga que também é tudo Zeze Araujo) é prestar atenção em outro tipo de montação paralela ao agora onipresente RuPaul's Drag Race: entraram no vocabulário polished e "arte drag"; espera-se que uma drag grave um disco! Mas a montação de clube já foi (e é, e pode ser) outra coisa, os club kids são outra coisa, o fervo da noite e a criatividade também se encontram em outro lugar onde a ilusão de uma mulher idealizada é menos importante. O corpo é tela, o binarismo é cafona. Sem desmerecer Drag Race, eu adoro, mas existe muito mais coisa na montação do que "fazer um contorno perfeito". A performance não precisa ser no palco. "Existo, logo performo".

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As bocas são feitas uma a uma

Em latex branco e depois, por cima, latex colorido - passando camada, esperando secar, passando mais uma camada, secando…

E é isso que acontece na passarela de Rober, que vira uma fila da boate. Tem a segurança, a hostess (que é a Zeze), o DJ (que é o próprio Zé Pedro, autor da trilha) e outros personagens que são puro fervo tipo Johnny Luxo, Marina Dias, Geanine Marques. Cabeças absurdas (by Davi Ramos), makes absurdos (by Marcos Costa), latex absurdo (by Rober mesmo, feito manualmente no tule). O latex das boquinhas é um babado, o do ovo frito (usado por Bianca Dellafancy) é diversão pura (lembra o trabalho de Lindebergue Fernandes, do Ceará).

Pompoms de mil cores tipo Tomo Koizumi ganham caráter festeiro. E a Skol leva uma divulgação gratuita sem ser patrocinadora nas irreverentes fivelas de glitter com a seta em círculo descendo redondo, uma referência a latinha de cerveja que Elloanigena sempre traz na mão.
Aliás, é ela mesma, claro, quem fecha a apresentação.

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Elloanigena em si

Com a sua latinha!

Escapista, hedonista, mas ao mesmo tempo um ambiente seguro como a Casa costuma ser, mesmo em tempos tão sinistros politicamente. Hoje um desfile desses é pura resistência poética.

Falando em poesia…

Aviso aos navegantes: Cho.Project é tudo

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Isso me lembra aquilo: há muito, muito tempo, nem lembro se era Projeto Lab, apareceu uma menina muito legal com uma coleção bem conceitual e poética. Fora o mérito da própria coleção, que era uma delícia, ela tinha algo no currículo que chamava a atenção. Era da equipe de estilo de Juliana Jabour. O tempo passou, Karin Feller eventualmente saiu da equipe da Ju, deu estofo para a marca própria, exportou, ficou mais comercial sem perder o charme. Hoje ela é diretora criativa da Di Gaspi. Saudades, Karin! <3

E claro, a estreia da Cho na Casa de Criadores lembra a estreia da Karin porque ela vem das mesmas escolas: Santa Marcelina e Ju Jabour. Assim como Karin, que nasceu em Israel, Cho também veio ao mundo em outro país. Ela é da Coreia do Sul, de uma cidade portuária, e uma das suas lembranças desse tempo é o cheiro do mar. Vem daí essa primeira coleção na CdC, que foca na figura do pescador. Cheia de poesia, ela traz muita camisaria, formas distantes do corpo, amarrações. O styling de Alexandre Dornellas é precioso, com redes, tranças longas que se misturam às roupas, ganchos e brincos articulados de Brennheisen. E o casting, quase inteiro formado por não-brancos, traz uma quantidade importante de asiáticos.

Uma roupa chique, imagens de moda fortes. Cho já tem uma ideia firme e consistente da sua marca Cho.Project, e sabe concretizá-la. Muito, muito bom; e muito bem acertada a escolha de já colocá-la direto no line-up sem passagem pelo Projeto Lab.

E vocês, do que gostaram?