Um tailandês, um italiano e um armênio entraram em um restaurante

Esse título é só para chamar a atenção de vocês kkkkkkk Reparei que o pessoal tem gostado de dicas de restaurantes pela quantidade de cliques na última newsletter e pensei: hum, OK, vou dar mais dicas desse tipo.

Portanto: ei-las! São restaurantes que fui recentemente, não conhecia e recomendo fortemente. Vem:

Thai E-san, o tailandês

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Nham 😊

Uma publicação compartilhada por Jorge Wakabara (@wakabara) em

Ao contrário da maioria das pessoas, eu não acho a comida tailandesa tão imperdível. É uma questão de gosto, mesmo. Então não fico com vontade de comer comida tailandesa toda hora - aliás, pelo contrário, é uma comida que para mim precisa ter um intervalo de tempo para comer de novo senão vou enjoar com certeza. MAS quando eu tiver vontade, provavelmente o Thai E-San vai ser uma das minhas primeiras opções. Fica na Liberdade (mas não no burburinho maior) e tem um preço superconvidativo (dá para dividir os pratos). Comi a salada de mamão verde (parece esquisito mas é gostosa, não tem gosto de mamão) e o pad thai (macarrão de arroz mais frango ou camarão, legumes e um molho de tamarindo).
Portanto, se você gosta de comida tailandesa, vá; se você que experimentar comida tailandesa, vá também.
O Thai E-San fica na rua Barão de Iguape, 446.

Lido, o italiano

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Com a maravilhosa vantagem de ficar bem perto de casa, o Lido traz a culinária da região da Ligúria (da cidade de Gênova). Eu não sou especialista em culinária italiana, então meu entendimento é: achei gostoso. O drinque que eu tomei estava bom, o ambiente é bem tranquilinho (não virou moda, então não tem fila), rola uma mesa comunitária mas também tem mesinhas no mezanino, na calçada com banco alto tipo para duas pessoas e o balcão. Comi uma massa bem gostosa também, ACHO que era o pansoti, que é uma massa recheada com pancs e ricota de búfala com molho de nozes (é a da foto). É que faz um tempinho que eu fui, por isso não tenho certeza… kkkkkk
Não é um lugar que você vai comer até cair. Então, se você quiser aquela macarronada, melhor ir no Gigio ou no Nello's que ficam ali perto. Mas é bem bacana para uma ocasião romântica, por exemplo (nesse caso, por favor não sente na mesa comunitária, nada a ver, né?).
O Lido fica na rua Fradique Coutinho, 282, em Pinheiros.

Esfiharia Effendi, o armênio

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Fomos eu, meu marido e minha amiga Bia Bonduki num lugar especializado em guioza que se chama Panda Ya - fica perto da Igreja do Calvário. É gostoso, a dica é pedir porções variadas e compartilhar. Mas a verdade é que era hora do almoço e a gente não é do tipo que para depois de 4 guiozas, né? Ainda mais porque o Panda Ya, pelo menos por enquanto, não tem o perfil de bar, que você fica bebendo uma cervejinha enquanto come os guiozas (aliás, fica a dica, seria mara).
Aí a gente decidiu continuar comendo em outro lugar. E eu soltei que queria ir num restaurante armênio em homenagem às Kardashian. A Bia disse que conhecia um e nos levou lá!
A Esfiharia Effendi na verdade é um lugar supertradicional e fiquei chocado de nunca ter ido antes. É MUITO BOM. Não deixe de comer a coalhada seca mais essa esfiha da foto com queijo e basturma, um tipo de carne seca armênia. Também amei o quibe cru deles. Ai ai, foi tão bom!
E aproveito para fazer o jabá da amiga: experimenta também a culinária síria da Hanuni da Bia Bonduki! <3
A Esfiharia Effendi fica na rua Dom Antônio de Melo, 77.

Se você gostou de todas essas dicas, também vai gostar dessas outras:
. Roteirão do lamen em SP
. Coisas para fazer em Pinheiros que não são coisa de hipster

Um elo entre Procura-se Susan Desesperadamente e... Marisa Monte

Kkkkkk esse título é maravilhoso, né?

Sim, existe um elo entre Procura-se Susan Desesperadamente (1985) e Marisa Monte. Você lembra do filme? Se nunca assistiu, deveria. E nem é pela Madonna, o longa é bem divertido, mesmo!

Um dos primeiros veículos da então princesa do pop do momento, a personagem Susan se mesclou com a de Madonna: ela era misteriosa, sexy, dominadora, desafiadora das convenções, jovem, com um estilo de se vestir arrojado, atrevida. Os homens a queriam e Roberta (Rosanna Arquette), a dona de casa entediada, queria ser como ela. Uma jaqueta que Susan vende em um brechó (Love Saves the Day em East Village, NY, fechado desde 2009) e que Roberta compra e usa faz com que a segunda assuma a identidade da primeira. O poder da moda, não?
A jaqueta foi vendida num leilão em 2014 pela bagatela de US$ 225.000.

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Illuminati, anyone?

Nas costas da jaqueta lê-se Novus Ordo Seclorum: a imagem é uma reprodução do selo da nota de dólar e quer dizer "nova ordem dos séculos” ou "nova ordem mundial”

Mas vamos para a ligação: nem todo mundo sabe mas Procura-se Susan Desesperadamente conta com diversas participações especiais. Por exemplo: a maravilhosa mulher que vende cigarros, do diálogo maravilhoso “Susan! Meu Deus, a gente achou que você estava morta” e a resposta “Eu estava em New Jersey”, é Ann Magnuson. Antes da drag queen Katya sonhar em ser Katya, Magnuson fazia uma personagem de cabaré chamada Anoushka, uma cantora soviética que interpretava músicas pop americanas com sotaque russo. A camarada também fazia parte de um grupo bem doido de música e performance chamado Bongwater. Ou seja, era da ceninha alternas de NY. Outra participação: Richard Hell, co-fundador do Television, é o cara que Susan dispensa logo no começo.

Agora, lembra da aparição dos trigêmeos que foram separados e depois se reencontraram e em 2018 viraram um documentário, o Três Estranhos Idênticos? É por um segundo, se você piscar você perde: Susan desce do carro para ir para a redação do jornal e se depara com eles.

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(Aliás, assistam o doc, é legal)

Logo depois disso, Susan pede um classificado no balcão. O cara lê: "Procura-se estranha que procura Susan desesperadamente” etc etc., e ela responde “Ela vai amar".
Esse cara é o elo. O nome dele, meus caros, talvez, se você for um geek da música, te desperte algo… é Arto Lindsay.

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Nessa época Lindsay também era parte da ceninha. Membro ativo da no wave do fim da década de 1970, fez parte do grupo DNA na guitarra e vocais. Atenção, é BEM experimental, tá?

Os pais de Lindsay eram missionários. Então, apesar de ser norte-americano, ele passou anos entre Recife e Garanhuns. Cresceu vendo o tropicalismo dando frutos. Isso causou um impacto que ficou mais óbvio na dupla que formou com Peter Scherer após Procura-se Susan Desesperadamente, a Ambitious Lovers. Entre as coisas que eles fizeram, está essa versão linda de É Preciso Perdoar do repertório de João Gilberto, de 1991:

Nessa época ele já estava bem mergulhado na música brasileira contemporânea: a dupla do Ambitious Lovers que produziu Estrangeiro (1989) de Caetano Veloso. E finalmente a gente vai chegando perto de Marisa Monte: o segundo álbum da cantora, aquele em que ela diz tchau para Nelson Motta para se encontrar ("Deixe-me ir / preciso andar / vou por aí / a procurar…"), é produzido por Lindsay. Mais (1991) reafirma o ecletismo de Marisa só que também mostra o lado compositora dela. O hit Beija Eu é dela, Arnaldo Antunes e Arto Lindsay.

Essa visão cosmopolita, esse lado quase experimental (em Borboleta, nas misturas de Ensaboa com músicas incidentais, e que também está em Estrangeiro) me parecem tanto vontades dos músicos como a cara de Lindsay. Isso, na minha opinião, ainda é reforçado em Verde Anil Amarelo Cor-de-Rosa e Carvão (1994), outro produzido por ele, um marco que reconstrói a MPB sob essa pecha eclética. A partir daí, toda nova cantora teria uma outra matriz de inspiração, especialmente na questão de repertório, por mais que gente como Nara Leão e a própria Elis Regina já trabalhassem nesses resgates de músicas "vintage", cada uma à sua maneira. A diferença, acredito, é que o novo vintage eram contemporâneos dessas cantoras: Marisa absorve pérolas de repertório de Tim Maia, Jorge Ben Jor, Roberto e Erasmo Carlos, sambas de Candeia, Paulinho da Viola, Jamelão.
Isso sem contar as participações especiais, né? Ryuichi Sakamoto nos teclados de várias faixas de Mais, Laurie Anderson em Enquanto Isso de Verde Anil Amarelo. Lindsay trabalhou com Sakamoto desde a década de 1980, e conhece e trabalha com Anderson desde a tal ceninha de NY.

Também é óbvio que Verde Anil Amarelo e mesmo o Mais são sementes do que depois virou o fenômeno Tribalistas.

Lindsay ainda produziu Barulhinho Bom (1996) e Memórias Crônicas e Declarações de Amor (2000). Universo ao Meu Redor (2006) ficaria nas mãos de outro meio-brasileiro-meio-gringo, o paulistano Mario Caldato Jr.

Voltando um pouquinho, só de brinks:
VOCÊ SABIA que Marisa Monte namorou Nasi? Sim, ele mesmo. O vocalista do Ira!. O relacionamento começou em 1988 e durou um ano e meio. Ou seja, antes do lançamento de Mais. Mas não, me parece que Ainda Lembro não seria uma música composta para ele - ou seria? Marisa divide os créditos da composição com Nando Reis, outro namorado dela. Foi um encontro babadeiro: toda a caligrafia do encarte de Mais, para você ter uma ideia, é de Reis!
A história conta que Marisa já tinha começado a escrever Ainda Lembro (eita…) e Reis ajudou a terminá-la.

Eu adoro: é pop gostoso, é um encontro muito feliz de vozes lindas (dela e de Ed Motta).
Resposta, do repertório do disco Siderado (1998) do Skank, é uma música que Reis fez sobre o término com Marisa. Interessante: já reparou na letra? "Bem mais que o tempo / que nós perdemos / Ficou pra trás também o que nos juntou / Ainda lembro / que eu estava lendo / só pra saber o que você achou / dos versos que eu fiz / ainda espero / resposta".
O “ainda lembro” é uma referência à outra música? Ele quer dizer que ainda espera uma resposta dos versos que ele fez em Ainda Lembro? E quais são os versos? Seriam os cantados por Ed Motta? “Eu errei com você / e só assim / pude entender / que o grande mal que eu fiz foi a mim mesmo"?

A digressão foi enorme! Sorry!
Por fim, fiquem com Onde Você Mora?, que originalmente foi gravada pelo Cidade Negra e também é uma composição de Marisa e Nando. Gosto muito dessa música <3 Ela bem que podia regravar em estúdio.

Heather Small está de volta para a pista!

Talvez você não se lembre do nome dela.
Mas deve se lembrar da música! Play:

SIIIIIIM. Da época em que a gente ouvia Jovem Pan feliz.
(risos)
Heather Small é inglesa e, quando encontrou o DJ Mike Pickering, que era do Quando Quango e da turma do mítico clube The Haçienda da Factory Records, fez-se a mágica.
(Aliás, ouça Quando Quango, também é bem mara)
Eles formaram o M People com Paul Heard e Shovell, sendo que a ideia inicial era haver um rodízio de vocalistas. Mas Small conquistou o coraçãozinho deles e virou membro fixo.
Para mim, quando ouvi Moving On Up, foi paixão à primeira vista. Minhas irmãs gostavam, e acabei ficando meio fanático, buscando o álbum que eles lançaram antes, Northern Soul, e o de depois, Bizarre Fruit. O Fresco, de 1997, já acho meio marromeno.

Mas M People é muito mais que seus dois superhits Moving On Up e One Night in Heaven. Gosto particularmente de outra faixa do mesmo álbum Elegant Slumming: Don't Look Any Further, que na verdade é uma versão do cantor Dennis Edwards da época que ele já havia saído do The Temptations.

O clipe foi filmado em Berlim - dá para ver se você assiste, né? Quem canta com ela é Mark Bell (aliás, Bell também arrasa), e o coro é do grupo gospel Nu Colours.

E a versão original, de 1984, é surpreendentemente parecida com a do M People, confere aí:

Garrett, que canta com Edwards, também é conhecida por ser uma das compositoras da música Love You I Do que apareceu na voz de Jennifer Hudson no filme Dreamgirls (2006) e ganhou o Grammy; e de Man in the Mirror com Michael Jackson. É provável que seu maior hit seja um outro dueto, com o mesmo Jackson, de I Just Can't Stop Loving You do álbum Bad (1987).

Do M People eu também gosto de:

E de:

Tudo isso para dizer que sim, Small está de volta e já faz um tempinho.
Ela gravou alguns discos solo antes. Nesse ano, mais cedo, relançou a música Proud em remixes - acho fraca, mas para quem gosta, sei lá. É uma tentativa de fazer uma nova Free da Ultra Naté, hino gay - e prefiro a da Ultra Naté. Agora ela mostra remixes de Moving on Up, originalmente lançada com o M People. Alguns são bem parecidos com a original, esse é divertido:

Parece-me o mesmo movimento que o Rick Astley anda fazendo, de repaginação dos seus hits.
Pois é, a febre de remake não é exclusividade do cinema…

Mas adoro você, Heather!

Mas adoro você, Heather!