Wakabara

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Onde está o gengibre, Ginger Spice?

O gengibre, ah, esse maravilhoso… fruto? Raiz?

O gengibre é a planta inteira, essa da foto:

O que conhecemos comumente por gengibre - e usamos bastante na culinária - é a raiz. Eu adoro: em bebidas, em conserva, na comida. Fico passado do ginger ale, geralmente feito de água com gás e xarope de gengibre com suco de limão, não é tão popular no Brasil. Mas tenho sentido de levinha, como uma brisa, uma moda de drinques de gengibre em SP. Torcendo para que pegue!

E gengibre, portanto, é uma especiaria. É ligado à cor de cabelo dos ruivos. As pessoas dizem ginger hair e a cor para mim não é muito parecida mas entendo: aquele marrom puxado levemente para algo entre dourado e vermelho.

No girl group Spice Girls as integrantes eram (e são) nomeadas por características da personalidade delas: Sporty e Posh as mais óbvias, esportiva e chiquezinha; mais Scary, a doidona extravagante de animal print, e Baby, a meiguinha mais nova. E tem, claro, a Ginger Spice Geri Halliwell, que se chamou assim por causa do seu… cabelo. E, em teoria, também por causa da sua atitude, como se o nome Ginger Spice garantisse que ela era ainda mais temperada que as outras meninas.

Posh, Ginger, Sporty; embaixo, Baby e Scary

Ah, mas os tempos mudaram. Estou aqui em Londres, entre outros motivos, para o show da volta das Spice Girls. Fui no dia 14/06 - não teve Vic Beck mesmo, que está posher than ever casada com jogador de futebol riquérrimo, uma família linda e uma carreira prolífica na moda como estilista. Mas teve Ginger… ou não teve?

Breve parênteses para falar de outra coisa que vim fazer em Londres: a exposição de Mary Quant. Depois posso falar mais dela - Quant foi simplesmente incrível, uma grande criativa da moda, um nome superimportante na popularização do Swinging London do fim dos anos 1960. Mas por que estou falando dela agora? Quant era muito ligadona e sabia que na sua Bazar as coisas eram caras demais para o pessoal realmente bacana que ela também queria vestir. Era o começo dessa velha história complicada da moda jovem: moderno que é realmente moderno geralmente não tem dinheiro… Mas Quant deu um jeitinho de capitalizar em cima do hype do seu nome na hora certa: ela começou a fazer uma linha mais barata, produzida por uma fabricante de porte que conseguia escalar e assim o preço baixava.
O nome da linha? Adivinha…
Ginger!

Ginger também era o nome com o qual Quant batizava uma de suas cores preferidas.

Fecha parênteses!

O que aconteceu com Geri, que agora, senhora casada, assina Geri Horner? Ginger Spice?
Não é uma questão de estar mais velha - todas estão na mesma faixa de idade e Scary, por exemplo, está escandalosa como sempre; Sporty mantém a forma de boa; Baby agora tem cabelo rosa clarinho, mais fofa que nunca; Posh ficou tão chique que dispensou essa volta. Já Geri usa os piores figurinos da turnê, aparece de rainha no começo (o vestido curto com a bandeira Union Jack que a marcou, atrevidíssimo, virou um vestido longo rodado tipo princesa; do autêntico para o tradicional, que decepção!). O charme, o riso frouxo, o clima de flerte? Sumiu. Praticamente loira (antes eram só duas mechas, lembra?), ela parece quase robótica, presa a convenções.
Geri Halliwell virou Kate Middleton. Até a maquiagem é igual.
Meio empalhada. Supercareta.

Enquanto isso, Madonna, quase 15 anos mais velha, lançou um disco que está sendo elogiadíssimo pela crítica. Consegui ouvir um pouco. Acho que curti! E vocês?

O que quero dizer é que não é uma questão de idade. Juventude é atitude, não está na data de nascimento. She’s lacking wit, if you know what I mean.

Então a lição do He-man de hoje é: pode envelhecer à vontade. Mas não envelhece na cabeça, não; depois o Brexit vem e aí você não pode reclamar dos conservadores, tá?

Obs.: Geri, a gente sabe do seu passado, garota, até seu marido sabe, saiu no tablóide. Aceita que o B de LGBTQ é de Mel B e não encareta, não…