Wakabara

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Fábio, o amigo paraguaio do Tim Maia

Ele foi interpretado na série e no filme sobre Tim Maia com Babu Santana por Cauã Reymond – uau. Na vida real ele é… Ah, não chega a ser um Cauã. Risos. Mas tudo bem! Fábio na verdade se chama Juan Senon Rolón, um paraguaio que chegou no Brasil já com uns 20 anos e caiu nas graças de Carlos Imperial.

Na sua biografia, Até Parece Que Foi Sonho - Meus 30 anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia, lançada em 2007, Fábio não disfarça nada: fala das drogas, fala que gastou tudo com mulher, é bem direto. Mas ele quase fala mais de Tim do que dele mesmo, e não devia. Para alguém que fez isso…

Imagina: em pleno 1968 da ditadura militar brasileira, um cara vai lá e lança um compacto com a sigla LSD bem grande na capa? Pois é. A música foi composta com Imperial, gravada com The Fevers e é divertida, fala de viagem alucinógena sem disfarçar numa pegada Lucy in the Sky with Diamonds. Esse foi o primeiro compacto dele. Mas Fábio ia estourar mesmo no ano seguinte, com Stella.

Feita com Paulo Imperial, irmão de Carlos, a canção tem uma pegada soul. Nessa época, ele já era amigo de Tim – que havia voltado dos EUA cheio de black music na cabeça e a apresentou para o amigão. Fez tanto sucesso que Fábio é conhecido e reconhecido como Fábio Stella – o hit virou sobrenome!
E Tim só gravaria o primeiro álbum em 1970, depois de Fábio! Não Vou Ficar, o primeiro grande hit composto por ele, foi lançado em 1969 por Roberto Carlos – que também se contaminou com o vírus da soul music de Tim e seguiria cometendo pérolas no começo dos anos 1970, essas de sua autoria com Erasmo Carlos, como Todos Estão Surdos e 120… 150… 200 Km por Hora.

Mas voltando ao Fábio…

Esse aí de cima é o primeiro LP do Fábio, de 1969, que contava com diversas músicas escritas por ele e Paulo Imperial. Uma delas é uma homenagem para a cantora Vanusa, antes dela casar com o Antonio Marcos.

Em 1971, Fábio lançaria uma música em compacto bem, digamos, interessante! A Volta de Corisco, outra parceria com Paulo Imperial, oscila entre o nordeste e o soul e cita Corisco, o cangaceiro, numa pegada… romântica? Hoje a gente sabe o tratamento que os cangaceiros tinham com suas mulheres, e essa alegoria romântica não faz o menor sentido. Mas a música é boa, ouça:

Mais interessante ainda é o segundo LP de Fábio, de 1972. Os Frutos de Mi Terra é a pérola perdida de Fábio, ainda a ser descoberta, guarânia psicodélica folk. É lindo. Tem até Dorival Caymmi (a bela porém machista Marina, aqui em pegada balada roqueira) e Sueli Costa (com Tite Lemos, Encouraçado). E os maravilhosos Tom & Dito (em Cravo e Jasmim)! E Guantanamera (uma versão linda, sério)! E Menino de Braçanã! E… o Hino da República (!!!!! Era 1972, ainda pleno regime militar!). E uma versão de Cacá Diegues (???) para Father and Son de Cat Stevens (não confundir com Pais e Filhos da Legião Urbana, aqui é Pai e Filho).

A ficha técnica desse disco é chamativa: Nelson Motta na direção musical, Zé Rodrix no arranjo de cordas, Cesar Camargo Mariano no piano de Encouraçado… Mas não aconteceu e até hoje é obscuro, sei lá porquê. E apesar de eu dizer que ele ainda não foi descoberto, o fato é que já é item de colecionador – vai ver os precinhos no Mercado Livre… Coisa de R$ 500!

É engraçado que eu ainda goste dessa versão de Encouraçado do Fábio. Um cara que eu tive um caso adorava essa versão e me mostrou.
Ele foi um idiota. As músicas ficam… kkkkkkkkkkk

Em 1975, numa fase meio Raul Seixas (hahaha), Fábio lançou o EP As Aventuras de um Certo Capitão Blue.

Interessante? Hum. Acho meio ruim, sinceramente. No mesmo EP, tinha a roqueira Se o Rádio Não Toca, do próprio Raul com Paulo Coelho – foi trilha da novela O Rebu.

Mas o que eu gosto mesmo é do single de 1977!

Cadelinha de disco music brasileira, né, bilu? Eu mesma.

E em 1979 a gente chega no último hit de Fábio, com o próprio Tim Maia. Até Parece que Foi Sonho é bonita, do mega hitmaker Paulo Sérgio Valle com Diogo e o próprio Fábio.

Fábio continuou fazendo discos mas nunca chegou no mesmo estrelato. Entre as músicas… OUÇA:

Perfeita. Como que isso não continua tocando??? Olhe fundo pra miiiiim / Você não vai ver ninguém!

Ai, não resisto em colocar esse encontro aqui: Ronnie Von recebendo Fábio no seu programa Todo Seu. Detalhe: com Caçulinha no teclado!!! Tá passada???

E um bônus: Até Parece que Foi Sonho em 2011 na Cultura.

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